No dicionário, a definição de SAUDADE é “sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas”.
Djavan canta a saudade como dor:
Era tanta saudade
É, pra matar
Eu fiquei até doente
Eu fiquei até doente, menina
Se eu não mato a saudade
É, deixar estar
Saudade mata a gente
Saudade mata a gente, menina
E para alguns a saudade é pura dor, tormento e para outros, como no meu caso, ela é alívio e alento.
Talvez sejam estágios diferentes da saudade, talvez sejam formas diferentes de percebe-la ou, talvez, a saudade seja mesmo algo tão particular e singular que cada um sente de um jeito e, às vezes, a mesma pessoa pode até senti-la de formas diferentes. Não sei…
Comigo, a saudade sempre foi alento, mesmo quando doía. Lembrar, recordar sempre me fez bem, por mais que doesse ao mesmo tempo.
Por isso, considero a saudade um alento, apesar de saber que não é assim para todos.
Para mim, a saudade é o último pulso daquilo que foi bom. É tudo o que resta do que foi vivido.
Na saudade, a ausência e a presença se coexistem. Estão presentes ao mesmo tempo, no mesmo ponto da história.
É como uma máquina do tempo que me teletransporta de volta para uma memória onde eu posso voltar a sentir e quase toca-la por um momento.
A saudade dói, mas ela também nos cura. Ela nos faz estar presentes de volta diante de algo ou alguém, ainda que não de fato, mas de alguma forma.
Uma ausência sem saudade é um tempo vazio, que não vale a pena ser celebrado e relembrado.
Sem a saudade, eu provavelmente jamais teria superado o luto. Foi ela quem me deu e me dá forças para seguir em frente e valorizar cada memória, querer mante-las vivas e comigo até o fim dos meus dias, porque a saudade é a chancela do que vivi de bom e de que ainda é possível reviver memórias e senti-las, apesar de ausência.