Ontem recebi parte da família para um almoço e, em dado momento, falei com a minha avó sobre sexualidade e respeito, após ela tocar no assunto de forma invasiva.
Minha avó tem 89 anos e ainda é lúcida.
Tem seus lapsos de memória, mas ainda mantém plenas as suas faculdades mentais.
Ela sempre foi difícil e nunca foi uma avó próxima ou carinhosa, apesar de se fazer presente de forma invasiva e inconveniente.
Nossa infância foi marcada por situações muito delicadas que vivenciamos com ela, mas eu consegui superar e não guardar mágoas.
Claro que guardo na memória, afinal não sofro de amnésia, mas não é algo que me impeça de aceitar as investidas carinhosas que hoje ela tem.
Mas uma das grandes questões com ela ainda é a sexualidade, especialmente das mulheres da família.
Ela insiste em ser invasiva, perguntar coisas desrespeitosas e se escandaliza por situações que não lhe dizem respeito.
Perguntas invasivas e opiniões inconvenientes
Há alguns dias, estávamos na casa da minha madrinha quando minha avó perguntou da Gi e eu falei que estava na casa do namorado.
Ela, então, perguntou:
– Mas ela dormiu lá? Dormiu com ele?
Eu respondi que sim, então ela continuou:
– Nossa, na minha época não era assim. As filhas obedeciam as mães.
Foi aí que decidi me posicionar:
– Vó, hoje em dia nós vivemos de outra maneira e está tudo bem. A Gi me respeita e obedece, já que eu permito que ela durma no namorado e que ele durma em casa, está bem?
Ela resmungou:
– Eu acho isso errado. Não se dar ao respeito.
Eu não respondi, pois não estava preparada naquele momento.
Uma conversa indigesta, mas que era importante para ela
Fiz um almoço em casa e convidei minha madrinha, meu tio e minha avó.
Eles vieram e minha avó estava radiante, pois ainda não conhecia a minha casa.
Ela me abraçava, me beijava, me dava parabéns, elogiava meu marido e os gatos o tempo todo.
Almoçamos, todos amaram minha lasanha e aí, madrinha, vovó e eu fomos para sala.
E lá, minha madrinha adormeceu e minha avó puxou uma conversa que eu diria difícil, mas que por algum motivo era importante para ela.
Ela começou me perguntando sobre coisas da infância e eu, com muito cuidado, falei de coisas que foram indigestas para nós, netos, e ficou claro que ela nem se dava conta.
O tempo todo eu perguntava se ela estava confortável ou queria parar, mas ela pediu pra continuarmos.
Conflito de gerações, sexualidade e respeito
Até que finalmente ela falou de sexualidade.
Ela começou falando de como sofreu com o meu avô e que só percebeu muitas coisas após o seu segundo casamento.
Perguntou sobre a vida sexual da minha madrinha e foi aí que falei sobre como ela vivia sendo inconveniente.
Expliquei que ela não tinha direito de constranger as pessoas com essas perguntas e nem com as censuras dela.
Ela perguntou porque e expliquei.
– Vó, eu entendo que na sua época era diferente e que a sra tem uma ideia de valores muito mais rígidos do que nós, mas isso não dá direito à sra de decidir como as pessoas vivem suas vidas e nem de se meter de forma tão invasiva na sexualidade alheia.
Eu confesso que achei que ela se zangaria, mas não. Ela se mostrou aberta a ouvir e também a falar.
Contou alguns causos sobre situações de mulheres da época dela que ela julgou mal na época e que agora, diante da nossa conversa, ela estava revendo.
Falei que eu vivi minha sexualidade de forma plena, que sempre transei quando tive vontade e com quem tive vontade e que isso não mudou quem eu era, a não ser para melhor, porque eu pude viver plena.
Quando falei isso, ela imediatamente me perguntou (mas agora em tom de curiosidade e não mais de invadir e censurar) se eu transei casualmente.
Eu disse que sim. E ela respirou e simplesmente sorriu sem dizer nada.
Como foi depois da conversa
Fiquei atônita, mas satisfeita. Mas não parou nisso!
Sim.
Após essa conversa, arrumei algumas coisas no celular dela e expliquei a ela.
Ao se despedir, ela me pediu perdão, me agradeceu e disse que também me perdoava.
Foi tão sincero e tão legítimo…
Foi especial!
Eu considero tão importante quando conseguimos nos posicionar diante dos mais velhos e que, no final, fica tudo bem.
A sensação é maravilhosa de podermos ser quem somos, sem fingimentos, diante deles
Veja o post sobre a minha avó pescando na caixa d’água: “Filho improvisa pescaria na caixa d’água para agradar mãe idosa”.
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